Eu quase não acredito, esse dia finalmente chegou, eu vou colar grau, fechar um ciclo na minha vida, termina uma graduação em uma universidade pública, realmente quase não acredito!
Tenho muito a agradecer a meu pai, por ter estado comigo durante esse tempo, por ter me ajudado a permanecer na universidade, ter bancado xerox e livros.
Chegando ao fim da graduação tenho que assumir meus privilégios, quantas pessoas queriam estar nesse lugar? E não conseguiram, quantas foram até negado o direito básico de saber ler? Quantos apenas conseguiram termina o ensino básico, e por diversos motivos não conseguiram estar na Universidade pública. Essas pessoas mesmo não conseguindo estar na universidade financiaram meus estudos, graças ao seus trabalhos e impostos, e por isso consegui estudar de “graça” em uma instituição de ensino superior.
Infelizmente a educação nesse país continua sendo um privilegio voltada prioritariamente a elite burguesa, até pouco tempo atrás a universidade pública não era pensada para os pobres e seus filhos, essa mentalidade só veio diminuir, porém não acabou, nos últimos anos graças aos governos voltados mais para o povo, que criou cotas, e proporcionou mais auxílios de permanência, porém todas essas conquistas agora são ameaçadas por conta de um governo golpista e ilegítimo, que buscar a voltar o pensamento de séculos passados.
Ao terminar esse curso tenho plena consciência que esse diploma não me faz melhor do que qualquer outra pessoa que não o tenha, ele me faz, porém, ser mais responsável, pois ele foi financiado com o dinheiro de todos os trabalhadores, e agora não devo esquecer isto, devo buscar que esse investimento que foi feito em mim retorne para as pessoas que realmente precisam. Agora faz parte do meu trabalho fazer e proporcionar que essas pessoas, que financiaram meus estudos, tenham pelo menos uma chance de ocupar o local que lhe é de direito em uma instituição de ensino pública.
A universidade deve estar cada vez mais aberta ao povo, aberta a todos os trabalhadores independente de seus credos, opção sexual, cor ou gênero. Devemos cada vez mais lutar para que os filhos, daqueles que tiveram o direito de estudar roubado, ocupem essas vagas que são suas, e que é financiada pelo trabalho de seus país e do seu próprio.
Terminando a graduação apenas agradeço a UECE por esse tempo vivenciado lá. Ela foi minha segunda casa, conheci pessoas maravilhosas de modo muito especial Bruna Rocha. Edilário Arieiv e o professor Luan Corrêa. Descobri o gosto pela pesquisa, tenho muito a agradecer a UECE por ter proporcionado momentos de encontros e de partilha. Esse texto não é de despedida, é apenas um breve adeus, pois logo retornarei a universidade que é do povo.
Marcelo Freitas Sales, Fortaleza, am 27 Juli 2018.
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Assinar:
Postagens (Atom)