Hoje
eu completo 26 revoluções em torno do sol, e não sei quantas voltas a lua
completou em torno de mim. Há 26 anos acompanho o sol, a lua e os outros
planetas no caminho para completar uma revolução em torno da nossa galáxia.
Foi
num dia como esse que há 26 anos atrás, que a vontade me trouxe para esse
mundo, mundo esse cheio de dor e sofrimento, esse mundo é uma verdadeira copia
do inferno.
Devo a
minha existência a essa vontade de vida, ela do mais absoluto nada deu vida as estrelas,
e delas chamou meus antepassados, e consequentemente a mim. Fui jogado num
mundo repleto de conflitos e lutas. O mundo é muito jovem para ter paz, eu sou
muito jovem para ter paz. A paz é um desejo da velhice. Deixem que os filhos da
vontade façam guerras. Eu e o mundo ainda sagraremos muito nesses conflitos.
Pois ainda somos tão jovens!
Há 26
anos a vontade cravou com um ferro em brasas na minha alma um impulso “viva”.
Neste dia erguesse para mim como um grande mosaico o significado da vida. Nesse
mosaico pode ver meus antepassados, minhas gerações familiares, sou filho de
estrelas mortas e herdeiro de milhares de defuntos. Vi em seus pálidos rostos e
as seguintes palavras estampadas: vontade, dor, impulso, resistência e vida.
Perguntei aos meus antepassados mortos, se eles desejariam voltar a viver. A
resposta foi categórica. – Não, agora esse fardo é seu.
Nestes
26 anos apenas amei. Sangrei cada dia, e desejei sangrar mais por você. Quantas
vezes amei o que os homens odeiam, e odiei o que eles amam. Quantas vezes amei
a humanidade, e qual o preço paguei por essa vontade?
Amei a
morte, rezei baixinho por ela todas as noites, e a cantei em publico
secretamente durante o dia. Mesmo amando a morte, tive um caso com a vida,
aprendi a ama-la. Compreendi que vida e morte são partes de um mesmo ciclo.
Como
todo homem amei a felicidade, porém, como poucos homens descobri que ela não
existia. Há apenas breves, fugazes, e efêmeros momentos alegres.
Conheci
diversas pessoas, mas apenas algumas ficaram, entre elas estão: meu pai, minha
amada irmã Liana Cavalcante e meus afilhados Mateus e Rosa, e por fim você meu
amado.
Quando
não acreditava mais em nada, conheci uma Deusa, a Beleza. Ela se permitiu
compartilhar comigo um momento no meu caminho, porém com uma condição, nunca a
tocaria, e nunca a teria. Apenas compartilharia com ela pequenos momentos, não
me sinto mais tão só, sou grato por esses momentos, esses lapsos de bem-estar.
Chegou
o fim da minha contemplação, eis que o véu de Maya cai sobre meus olhos em
lagrimas, e eu apenas sigo meu solitário caminho, a vida seguem com seu
impulso.
Eu não
quero eternidade, eu apenas desejo viver essa vida, e que meu corpo ao parar de
funcionar, torne-se pó, e volte à vontade. Quando nossa estrela mãe morrer
desejo que cada átomo meu seja espalhado pelo o universo e que eles ajudem, a
grande fabrica de sonhos, que é o universo a construir novos mundos.